sábado, 29 de novembro de 2008

Pensando

Fiquei parada por quase dez minutos pensando sobre o que e como escrever outro texto, mas só vieram essas palavras. Um diálogo comigo mesma...
Queria escrever um texto sobre sentimentos intensos, coisa forte. Só que, o que me vinha à cabeça eram coisas mais simples, puras e meigas.
Pensei em escrever algo sobre o dia-a-dia, coisas do nosso cotidiano, mas quando parei para pensar nisso, reparei que não tinha nada de muito inovador ou atraente para dizer.
Fiquei parada mais uns três minutos e nada de algo surpreendente veio à mente.
Foi nesse momento que, percebi que não podemos esperar a palavra certa para dizer e/ou escrever algo, que não podemos esperar algum sentimento intenso para demonstrarmos o que sentimos e o que somos. Percebi também que é perda de tempo esperar algo inovador de nossas vidas, pois, isso nós não podemos esperar, temos que correr atrás!

sábado, 15 de novembro de 2008

Démodê

Não me conformo como a seguinte frase abaixo é tão verdadeira nos dias de hoje.
Eu tenho medo desse mundo, das pessoas que fazem parte dele.
Pessoas vazias, sentimentos mesquinhos, alegrias compradas.

“Afinal amar o próximo é tão démodê”
(Renato Russo)

domingo, 26 de outubro de 2008

Pequenas Epifanias


Depois de ler esse texto, impossível não colocá-lo por aqui. Perfeito!

"... Meu coração é um álbum de retratos tão antigos que suas faces mal se adivinham. Roídas de traça, amareladas de tempo, faces desfeitas, imóveis, cristalizadas em poses rígidas para o fotógrafo invisível. Este apertava os olhos quando sorria. Aquela tinha um jeito peculiar de inclinar a cabeça. Eu viro as folhas, o pó resta nos dedos, o vento sopra.

Meu coração é um mendigo mais faminto da rua mais miserável.

Meu coração é um ideograma desenhado a tinta lavável em papel de seda onde caiu uma gota d’água. Olhado assim, de cima, pode ser Wu Wang, a Inocência. Mas tão manchado que talvez seja Ming I, o Obscurecimento da Luz. Ou qualquer um, ou qualquer outro: indecifrável.

Meu coração não tem forma, apenas som. Um noturno de Chopin (será o número 5?) em que Jim Morrison colocou uma letra falando em morte, desejo e desamparo, gravado por uma banda punk. Couro negro, prego e piano.

Meu coração é um bordel gótico em cujos quartos prostituem-se ninfetas decaídas, cafetões sensuais, deusas lésbicas, anões tarados, michês baratos, centauros gays e virgens loucas de todos os sexos.

Meu coração é um traço seco. Vertical, pós-moderno, coloridíssimo de neon, gravado em fundo preto. Puro artifício, definitivo.

Meu coração é um entardecer de verão, numa cidadezinha à beira-mar. A brisa sopra, saiu a primeira estrela. Há moças na janela, rapazes pela praça, tules violetas sobre os montes onde o sol se pôs. A lua cheia brotou do mar. Os apaixonados suspiram. E se apaixonam ainda mais.

Meu coração é um anjo de pedra de asa quebrada.

Meu coração é um bar de uma única mesa, debruçado sobre a qual um único bêbado bebe um único copo de bourbon, contemplado por um único garçom. Ao fundo, Tom Waits geme um único verso arranhado. Rouco, louco.

Meu coração é um sorvete colorido de todas as cores, é saboroso de todos os sabores. Quem dele provar, será feliz para sempre.

Meu coração é uma sala inglesa com paredes cobertas por papel de florzinhas miúdas. Lareira acesa, poltronas fundas, macias, quadros com gramados verdes e casas pacíficas cobertas de hera. Sobre a renda branca da toalha de mesa, o chá repousa em porcelana da China. No livro aberto ao lado, alguém sublinhou um verso de Sylvia Plath: "Im too pure for you or anyone". Não há ninguém nessa sala de janelas fechadas.

Meu coração é um filme noir projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.

Meu coração é um deserto nuclear varrido por ventos radiativos.

Meu coração é um cálice de cristal puríssimo transbordante de licor de strega. Flambado, dourado. Pode-se ter visões, anunciações, pressentimentos, ver rostos e paisagens dançando nessa chama azul de ouro.

Meu coração é o laboratório de um cientista louco varrido, criando sem parar Frankensteins monstruosos que sempre acabam destruindo tudo.

Meu coração é uma planta carnívora morta de fome.

Meu coração é uma velha carpideira portuguesa, coberta de preto, cantando um fado lento e cheia de gemidos - ai de mim! ai, ai de mim!

Meu coração é um poço de mel, no centro de um jardim encantado, alimentando beija-flores que, depois de prová-lo, transformam-se magicamente em cavalos brancos alados que voam para longe, em direção à estrela Veja. Levam junto quem me ama, me levam junto também.

Faquir involuntário, cascata de champanha, púrpura rosa do Cairo, sapato de sola furada, verso de Mário Quintana, vitrina vazia, navalha afiada, figo maduro, papel crepom, cão uivando pra lua, ruína, simulacro, varinha de incenso. Acesa, aceso - vasto, vivo: meu coração teu. "

(Caio Fernando Abreu)

sábado, 11 de outubro de 2008

Na cama...


Deitada em sua cama, ela tinha pensamentos que iam além desse mundo.

Ela só esperava que alguém fosse a seu encontro, que a fizesse feliz, mas não era tarefa fácil. Quem seria o menino corajoso que se arriscaria a fazer tal feito, já que, nos dias de hoje quase ninguém é capaz de tamanha coragem.

Em um desses seus pensamentos teve uma idéia: viajar. Isso mesmo. Viajar para um lugar onde pudesse esquecer de toda tristeza que ainda carregava no peito com tanta dor. E ela, por mais forte que parecesse, já não aguentava mais tudo aquilo. Sentia seu corpo pesado, cansado, sem forças para lutar. Não era primeira vez que a menina da rosa ficava assim.


Era simples, ela só queria amor.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Morrerei de amor porque te quero


"Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo."

(Pablo Neruda)

terça-feira, 8 de abril de 2008

Crime e Castigo



“(...) Compreendia agora que passara o tempo de sofrer passivamente, e das lamentações que nada resolvem; agora cumpria fazer fosse o que fosse, o mais depressa possível. Era necessário tomar desde já uma resolução qualquer ou...
“Ou renunciar à vida!”, exclamou ele subitamente, “aceitar, de uma vez por todas, o destino como ele é, sufocar todas as aspirações, abdicar definitivamente ao direito de ser livre, de viver, de amar!...”

(Crime e Castigo - Dostoiévski).

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Questionamentos


Às vezes me pergunto se é assim mesmo que se vive. Temos tantas dúvidas, frustrações, algumas alegrias momentâneas, mas será que é assim mesmo ou estamos todos se enganando?

Gosto de algumas coisas, mas odeio outras. Algumas pessoas me fazem bem, mas outras não gosto nem de pensar. Compro coisas só para me enganar, mas quem não se engana?

Falo para esquecer das coisas ruins, canto para lembrar que ainda estou aqui. Será tudo isso mesmo é real? Até quando irei agüentar esse mundo tão complicado que me dá nos nervos?

Sabe, acredito que, a cada dia que passa vamos perdendo a chance de sermos pessoas melhores, de fazermos a diferença, por menor que ela seja, e que mesmo que seja só para você.

O mundo pode ser complicado, você pode se questionar 24 horas do seu dia se felicidade existe, se o amor vale e pena, se ter amigos é o melhor remédio, se ter dinheiro o ajudaria a viver melhor, se a tecnologia distancia as pessoas, se sofrer é preciso, enfim milhares de coisas.

Mas, já que você ainda não tem essas respostas (nem eu, e acho que nunca teremos ao certo), porque não tentamos fazer desse turbilhão de questionamentos uma coisa simples.

Se a felicidade existe? Não sei, só depende de você. Se você acreditar que ela aparece naqueles momentos mágicos, sim, ela existe para você.

Se o amor vale a pena? Acredito que valha. E deveria valer para você também. Se você ainda não sabe se vale ou não, não tem problema, se jogue, dê o melhor de si quantas vezes for necessário. As pessoas deveriam amar pelo menos uma vez a dia.

Amigos? Ter amigos é ótimo, mas atenção ao chamar uma pessoa de “amigo”, amigo é aquele que quando você mais precisa, ele está lá do seu lado, pra tudo, com a maior intensidade do mundo. Em algumas ocasiões, ter amigo é o melhor remédio.

Dinheiro te ajudaria a viver melhor? Não sei se me ajudaria, mas é sempre bem vindo. Você acredita que melhoraria sua vida? Então está esperando que para ir atrás de seus objetivos!? Corra, não perca mais tempo. Se for isso que você quer, então vá e dê o seu melhor.

Hummm... tecnologia? Essa a cada dia que passa nos deixa mais distantes e ao mesmo tempo mais próximos. Se não fosse por ela este texto não poderia ser lido por pessoas de diversos lugares, mas se ela não existisse, com certeza estaria escrevendo isso e enviando por carta para alguma pessoa especial. Ficou “demodê” cartas.

Será que sofrer é preciso? Outra pergunta difícil de responder, não?! Pois bem, acredito que sofrer seja uma etapa de nossa vida, que faça parte do nosso ciclo existencial. Mas, acredite, sofrer pode ser opcional sim. Basta você querer!

Viu só, me questiono tanto, mas sempre tenho algo a dizer em relação aos meus questionamentos. Estaria eu me enganando? Seria eu uma farsa? E agora?

Bom, mais um dia vai indo embora e eu ficando louca.

No final das contas, precisamos viver e só!

“Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento. Renda-se como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Eu sou uma pergunta.”

(Clarice Lispector)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008


"Estou tentando captar a quarta dimensão do instante-já"

(Clarice Lispector)